Esta última semana foi desgastante para ti e para mim. Ver-te ir abaixo e a perder as tuas forças despedaçou-me, por isso ainda antes de partires já eu andava cheia de saudades tuas porque já não eras tu. Eu sabia perfeitamente que este dia ia chegar porque é algo inevitável mas eu sempre tentei pôr isso de lado porque custava-me muito pensar que um dia já não te iria ter aqui comigo porque para mim é impossível imaginar qualquer tipo de futuro sem ti. Apesar de muitos me dizerem que já eras velhinho e que já tinhas uma idade avançada, eu dizia sempre que ainda ias durar mais uns anos porque sempre tiveste aquele ar jovem e vivo e sempre tiveste energia para dar e vender.
Mas este dia chegou e eu não tenho palavras que exprimam a dimensão da tristeza que estou a sentir… estou destroçada e vazia, acho que estes sentimentos nunca irão ter cura porque ao contrário do que dizem o tempo não cura nada, as pessoas simplesmente acostumam-se a viver com aquelas “feridas” mas no meio de tanta dor, eu só tenho que te agradecer meu Pépe lindo por estes 16 anos maravilhosos, por todos os momentos que partilhaste comigo… acredita que se eu pudesse regressava no tempo para os viver todos outra vez, vezes e vezes sem conta.
Nunca vou esquecer aquelas alturas em que te deitavas em cima dos meus apontamentos e os pisavas só para chamar à atenção, nem de quando me acordavas de manhã cedo ou até mesmo quando me chamavas para ir comer contigo e às vezes eu não ia porque andava ocupada mas eu sei que dei-te muita atenção, também te chateei bastante mas isso era só porque te amava muito meu querido. Foste o meu melhor amigo e foste o MEU gato, o meu bebé e eu sei que agora estás a descansar em paz e de certeza absoluta que já reencontraste a tua mana Tina e é isso que de certa forma me põe um pouco contente porque foste um gato feliz, lindo, tiveste uma vida cheia e óptima com tudo do bom e do melhor e, por isso agora nesta fase, que era o fim da tua existência, o melhor que eu te podia dar era uma passagem tranquila e pacífica.
Oh, meu bebé, isto parece tudo tão irreal que eu ainda tenho dificuldade em aceitar que já não estás aqui, custa-me mesmo muito pensar que nunca mais te vou poder pegar ao colo, dar-te festas, sentir o teu pêlo que era tão macio.
Mas é a lei da vida e, infelizmente eu terei que aceitar e seguir em frente o melhor possível, mas não te preocupes meu amorzinho, havemos de nos voltar a ver um dia porque isto está muito longe de ser o fim e iremos ficar reunidos outra vez e aí nada nos irá separar nunca mais.
Até já meu Pépinho, meu pilantra, amo-te muito mas muito mesmo.
As saudades apertam e resultam num nó na minha garganta, num aperto no meu coração, as manhãs, as tardes e as noites nunca serão as mesmas até ao resto da minha vida independentemente de quem estiver ao meu lado e de onde eu estiver. Tudo perdeu um pouco do seu significado e nada nem ninguém se vai tornar naquela última peça essencial para completar o puzzle, puzzle esse que é a minha vida.
Quero que as minhas memórias continuem com vida, vou reviver tudo quantas vezes quiser porque só assim é que consigo seguir em frente.
Ás vezes gostava de voltar atrás para aproveitar certos e determinados momentos que não tiveram o valor que mereciam.
Sinto falta da confusão, das gargalhadas, da ansiedade, dos abraços... de tudo.
Houve tanta coisa que podia ter sido diferente, gostava de lhe ter dito o quanto eu gostava dele, o quanto ele me fazia rir e que quando estava ao pé dele tudo á minha volta desaparecia.
Agora o que resta são memórias e sentimentos que vão sendo apagados com o passar do tempo.
. 3 de Maio de 1998 - 13 de...
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